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quarta-feira, 31 julho, 2019

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Investimento nos primeiros anos da criança pode combater a desigualdade social; conheça projeto promovido pelo Programa Saúde em Ação

Estimular o desenvolvimento de crianças de zero a cinco anos de idade pode diminuir a desigualdade social. Essa é a tese defendida pelo professor James Heckman, vencedor do prêmio Nobel de Economia e defensor das políticas para a primeira infância. Segundo Heckman, indivíduos expostos a estímulos no início da vida apresentam índices melhores de educação, saúde e economia quando se tornam adultos, diminuindo as distâncias provocadas pelas condições de classe.

O Saúde em Ação atualmente é um dos responsáveis por aplicar esse conceito no Estado, investindo em ações que buscam aprimorar o desenvolvimento de crianças com o programa São Paulo pela Primeiríssima Infância (SPPI). Iniciada em 2012, a iniciativa foi implantada em um primeiro momento por 41 municípios, e agora entra em fase de expansão para todas as regiões de São Paulo.

Renata Pinheiro de Almeida, gerente de Fortalecimento Institucional do Saúde em Ação, acompanha o projeto e explica a ampliação da rede de cuidados à primeiríssima infância (zero a três anos) em todo o Estado. Em entrevista, ela relata como o investimento nessas ações pode impactar nas próximas gerações.

Um futuro promissor começa na infância

Diversos estudos apontam que os estímulos na primeiríssima infância influenciam o futuro do indivíduo. O cérebro cria conexões com maior facilidade, e a pessoa desenvolve competências e habilidades maiores que as de crianças que não tem vínculos afetivos positivos ou são negligenciadas.

Essas crianças terão um autocuidado melhor, vão prestar mais atenção na própria saúde, conseguindo se prevenir contra doenças crônicas. Elas tendem a obter desempenho melhor nos estudos, além de mais condições de tomar decisões acertadas, se envolvendo menos com dependência química e criminalidade, entre outros.

Na vida adulta, esses indivíduos vão reproduzir essas ideias para as próximas gerações. “É assim que tentamos enfrentar o que chamamos de ciclo da pobreza. Se você consegue fazer com que as mães cuidem de seus filhos de maneira adequada, as chances deles se desenvolverem de forma saudável aumentam consideravelmente”, explica Renata.

O programa Primeiríssima Infância

O SPPI é resultado de uma parceria iniciada em 2012 entre a Secretaria de Estado da Saúde e a Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal, e hoje faz parte também do Programa Saúde em Ação. Desde o princípio, o objetivo era se aprofundar nas questões do desenvolvimento infantil com uma abordagem intersetorial, onde as Secretarias de Saúde, Educação e Desenvolvimento Social trabalham em conjunto para garantir que as crianças explorem seu potencial de crescimento em todos as áreas.

A primeira fase contou com a participação de 41 municípios, que foram incentivados a constituir comitês em nível municipal e regional. Como o interesse e a percepção de resultados foram muito positivos, novas cidades passaram a querer fazer parte da ideia, que agora será expandida para o resto do Estado por meio do Saúde em Ação.

O Núcleo de Ciência pela Infância da Fundação Maria Cecília Souto Vidigal trabalha em parceria com a Universidade Harvard (EUA), e com base nesses estudos, foi desenvolvido o trabalho no Brasil. Segundo Renata, diversos países no mundo já oferecem programas voltados ao desenvolvimento infantil à sua população.

Renata Pinheiro de Almeida, do Programa Saúde em Ação e SPPI

Renata Pinheiro de Almeida, do Programa Saúde em Ação e SPPI

Qualquer local pode ser adaptado

Como resultado da parceria, o Saúde em Ação e o SPPI incentivam a criação de espaços lúdicos nas cidades. “Nas UBS, por exemplo, são oferecidos espaços reservados para a criança ler, brincar e desenhar, estimulando que ela se mantenha em atividade”, explica a gerente.

A “Semana do Bebê” é realizada em todos os municípios, com atividades em shoppings, igrejas, unidades de saúde, todas relacionadas à primeira infância. São organizadas oficinas, brincadeiras, desfiles e discussões sobre o desenvolvimento infantil.

“As creches também passam a ter projetos pedagógicos e materiais específicos para a auxiliar o crescimento, além de profissionais capacitados dentro dos nossos conceitos”, conta Renata.

Eixos de atuação

O modelo de cuidados com a primeiríssima infância tem quatro frentes: Governança, Formação, Mobilização e Avaliação. São criados comitês municipais e regionais com a presença de profissionais, técnicos e gestores das três áreas, para garantir a implementação e sustentabilidade do programa. “São 44 indicadores utilizados para fazer a avaliação. Eles permitem que sejam analisados os processos de trabalho feitos em relação à atenção à criança”, explica Renata.

São realizadas formações e oficinas com temas como puerpério, parto humanizado, espaço lúdico, amamentação, entre outros.

O retorno da comunidade

Renata diz que no ano passado foi realizada uma mostra com as melhores práticas. Os 41 municípios inscreveram suas ações e as 10 melhores foram premiadas. “É uma maneira de valorizar os trabalhos das cidades e mostrar que o processo está rendendo frutos. Nesse mesmo evento, lançamos o curso que promoverá a expansão do programa para todo o Estado”, explica.

A expansão do projeto no Estado de São Paulo

O Saúde em Ação promove o curso chamado “ArtMobCIm” (Articule, Mobilize, Capacite e Impacte) para os 17 Departamentos Regionais de Saúde e de Desenvolvimento Social. “Transmitimos os conceitos para construção de uma rede que dê suporte para a atenção à criança. A partir daí, os departamentos regionais repassam essas ideias para seus respectivos municípios”, diz a gerente.

As regiões do Programa Saúde em Ação (Vale do Ribeira, Litoral Norte, Vale do Jurumirim e Itapeva/Sorocaba) serão avaliadas e receberão diagnóstico do Estado para iniciar as ações a favor do desenvolvimento infantil. O acompanhamento também é feito pelos profissionais do programa.

 

Confira mais informações sobre o Programa São Paulo pela Primeiríssima Infância, no site da Secretaria de Estado da Saúde

 

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